15 de abril de 2008

Podemos dizer não.

Hoje decidi que começaria minha crônica assim: “atenção nascidos sob o signo de virgem.” No entanto aí já estava com um problema: se o tema sobre o qual eu gostaria de tratar era a quase incapacidade do ser humano de dizer uma pequena e simples palavrinha – o não – por qual diabo de motivo eu começaria minha crônica falando de signos? Faz séculos que não leio nada sobre isso, nem o jornal abro nesta página. Mas hoje abri uma da Internet propositalmente e lá estava:
“Muito do que você plantou nos últimos tempos pode chegar a partir de agora as suas mãos. Essa promessa é da Lua crescente que aconteceu ontem. Já hoje terá sinais: seu desconfiômetro está excelente. Saberá quem de verdade lhe dedica amor e quem só finge, por interesse ou leviandade.” Fingimentos.É isso aí. Por isso comecei assim,agora entendi.
Não desrespeitando a astrologia, que é uma prática milenar e nem tocando em assuntos aos quais conheço pouco como o oráculo, búzios, meditação da lua, quiromancia (mesmo conhecendo aquela cartomante M A R A V I L H O S A !), tudo o que quero dizer, o cerne do texto – para usar uma palavra mais elaborada – é a capacidade ou a incapacidade do ser humano de dizer nãos. Ah, querem exemplos? – Tu poderias emprestar teu nome para eu comprar meu tão sonhado notebook? É que meu nome, sabe?, minha mãe sujou. Então a gente pensa: puts, isso vai dar zebra mas, diz sim. E, normalmente, entra pelo cano. Se o cara não soube cuidar do nome dele, por que haverá de saber fazê-lo com o nosso? Ou, pior, sabemos que ele está mentindo. Comprou o céu e a terra e não honrou compromissos e ainda vem colocar a culpa na mãe? É caloteiro e mentiroso mas nós, bonzinhos que somos, dizemos sim. E sofremos por 24 meses recebendo cartas indesejáveis.
E quando o amor da nossa vida chega bem de mansinho, com aquela cara de safado, de desejoso, de arrependido - depois de uma briga intensa que nos magoou até o primeiro fio de cabelo do útero – e vem nos beijando toda sem dizer palavra pensando que os atos valem muito mais, nós cedemos, abrimos a porta, o coração, os poros e outras coisas e o recebemos, quando em nós grita a vontade correta de dizer que não. Mas, tolas, dizemos mais uma vez, também sem palavras, o sim do qual nos arrependemos duramente ao dobrarmos a esquina no dia seguinte e virmos o “charmoso” no bar, batendo aquele papo com as amigas, motivo do desentendimento anterior.
Sim, é mais fácil dizer sim. A alma implora que digamos seu contrário, o coração pula dentro do peito para gritar o sonoro monossílabo da negação, a boca seca de raiva porque não conseguimos, mesmo sabendo que iremos nos arrepender depois, o que dói muito mais. É o sim que nos move enquanto os outros nos negam direitos que sabemos possuir. É o sim que dizemos porque aprendemos a ser bons, mesmo que o mundo seja inteligente e ruim. É o sim que proferimos diante de tantas certezas de que o não seria mais humano para nós. Diante disso, sofremos porque dizemos quase sempre, o que não gostaríamos de dizer para não ferir o outro, para não magoar. E dizemos o sim para magoarmos a nós mesmos, uma desvorização do “eu”. A psicologia explica com Freud e tudo?
De nada adiantarão a astrologia, a parapsicologia, a holística ou o espiritismo se você não descobrir dentro de si mesma quem você é e o poder que tem. Portanto, não seja mais uma bobinha e use – com moderação – mas sempre que sentir aquela certeza que vale a pena. Uma palavrinha tão pequena, porém que poderá modificar tudo, afinal tem um significado imenso: não. Faça isso por você, ao menos uma vez e sentirá, perceberá o que estou tentando dizer aqui. Bons vôos!

8 comentários:

Anônimo disse...

Oi, proo! Adorei sua crônica de hoje! Em pensar que sua inspiração é culpa da nossa matéria! OHEOIHEOIEHOIEHOIEH Mas escreves muuuito bem, adoro ler o que você posta! Beeijos, proo!

Anônimo disse...

Lendo a tua crônica de hj me veio à cabeça a imagem daqueles bonequinhos de desenho animado que ficam no ombro dizendo o que devemos fazer: "o anjinho, e o diabinho", lembra? Essa questão do não e sim é sempre complicado, e geralmente a gente aprende da pior maneira possível a escolher a resposta certa. Eu já disse sim qdo achei que deveria, e tb já disse não, e me arrependi. É quase como a história de seguir o coração, por isso não dá pra dispensar a razão, ainda mais nesse caso. Bjs, adorei os textos. Mais um link para os favoritos!

Anônimo disse...

Eita coisa boa! Mais um link pra minha lista de favoritos. Eu criei uma maneira complicada, porém fácil de dizer o NÃO. Diga SIM! Eu posso mostrar e apontar coisas que quero sem dizer o que não quero. Assim deixo de usar a tão indesejada palavra que representa o negativo. Roseli, não pare de escrever. ROSELI, ESCREVA SEMPRE! Pluft, a palavrinha se foi. Sucesso! Beijos!

Anônimo disse...

Rose! Lindo! Se você disse que meus olhinhos brilharam aquele dia, no colégio, você deveria te-los visto agora, enquanto lia teus textos... Lindos! Até mesmo a resposta à carta, a crônica do "não" - que, concordando contigo, muitas vezes queremos mas nao dizemos - são perfeitas! Você escreve muito bem! Gostaria de ter um pouco desse seu dom. Beijos, Professora! Estarei sempre aqui, no seu glos, acompanhando suas noites inspiradas...

Anônimo disse...

[Aline 201]
Oi professooora! Liinda a crônica... Concordo com as suas palavras, mas acho que é necessário usar o "não"a as vezes, pois imagine se nós falassemos tudo que pensamos? ahahahah. Beeeeijão Roseliii

Anônimo disse...

[Maria Luiza Ramos] [baisa@matrix.com.br] [http://vargasramos.zip.net]
Parabéns minha amiga-irmã pelo blog! Já começou "bombando", merecidamente, teu texto é muito bom. Vou linká-lo ao meu e tu podes fazer a mesma coisa, entra na página das configurações e faz o link. Assim, pode ser que algumas das tuas tantas leitoras me visitem , já que aposentada não tenho mais alunas. Um beijão.

Anônimo disse...

Oi, Roseli, tudo bom? Cheguei no seu blog pelo link na Milena. Lembrei de uma música da Marina Monte: "Sim, são três letrinhas, todas bonitinhas, fáceis de dizer, ditas por você. Nesse seu sim, assim, outras três também, representam o NÃO, que não fica bem no seu coração". Uai, por que essa conotação tão negavita pro NÃO?! Vivemos de escolhas, e optar por algumas significa recusar outras. Vida longa pro seu blog! Abraços de outra virginiana.

Anônimo disse...

Essa tua cartomante maravilhosa ta me devendo um carro. CADÊ?