10 de setembro de 2008

E a vida?

Pensar sobre um assunto polêmico já me causa conflitos individuais e intimistas. Assim acontece quando me vem à mente questões como o aborto. Mas, enquanto profissional dos textos, preciso ousar de quando em vez para provocar àqueles que decidirão (?) o futuro da humanidade quando eu já tiver virado adubo para flores.
Assunto polêmico mesmo? Polêmico desde que o mundo é mundo porque o ABORTO se faz desde que o mundo nasceu. Chazinhos, jeitinhos, temperinho nunca faltaram às mulheres – sempre grande conhecedoras da vida – para retirar de si aquela “coisinha inconveniente” que está crescendo na sua barriga.
Os tempos mudaram, as mulheres evoluíram, a Igreja toma, retoma e até cobra posições e ninguém chega a nenhum consenso que possa dar alento às milhares de discussões que são feitas sobre o assunto e aos milhões de reais que são gastos com elas – sim porque para tudo há um custo e , aqui, leia-se que para os abortos mal feitos também há.
No fim das contas quem arca com as despesas é a sociedade. Gente que paga seus impostos em dia, ajuda a bancar a clandestinidade mal feita e mal resolvida. Gente de bem que é a favor da vida, paga a conta do hospital da “coitada” que engravidou sem querer – e de um “coitadinho” que não sabia que ambos podem (e devem!) prevenir – se. Quem comete o ato de abortar, na maioria das vezes se vê em situação de risco.
Se o aborto não dá certo, o governo paga a conta e, de quebra, nós ajudamos com o suor de nossos rostos – do hospital que vai corrigir o erro dos profissionais açougueiros, dos psicólogos que cuidarão das cabecinhas de vento poluídas de remorsos no futuro, dos problemas de saúde que podem vir após o ato. Sim, há os que os defendem piamente com colocações do tipo “Eu tenho o direito de retirar um amontoado de células fracamente ligados que, talvez, apenas talvez, possam “vir a ser” (o que significa que NÃO É) um ser humano.”
Mulheres e suas bruxarias... também desde que o mundo é mundo, desde que a vida é pensada e discutida, vivenciada, experimentada e sentida há as que nasceram para tornarem-se mães e, para essas, o crescimento desse montão de células representa o sagrado. Um filho, a continuidade, e perpetuação da história. A cada uma cabe decidir.
Independente de crenças, que se dê mais valor à vida, à nossa da qual conhecemos todas as dores e amores, mas também a de quem não pode ainda opinar. Filhos de fim de festa, de cachaçada, de lapsos são tão filhos quanto os do amor e da programação de felicidade completa. O amontoado de células já pulsa há menos de um mês de gravidez – feito uma pequenina pulga pulante. Ali está uma vida e talvez esse conceito até pobre, baste!