30 de março de 2009

AO ÓCIO E AO ÓDIO, OBRIGADA.




"Nunca devemos ser duros demais quando queremos que o coração do outro se abra."
Há certas horas tão lentas, tão tristes, em que me pego a refletir sobre palavras, expressões e seu peso ou a leveza delas quando chegam aos nossos olhos ou ouvidos. Por não ser mais leitora desavisada e por acreditar que nenhuma leitura é inocente, quis hoje escrever sobre algumas palavras. Palavras que, com seu peso ou a leveza de uma bolha de sabão, podem nos render lágrimas ou sorrisos fartos. Prefiro ainda os sorrisos, ou melhor, os frutos que elas, as palavras, árvores que são, podem render. Para o bem, é claro!
Vamos a algumas delas, caro leitor – caros leitores – se preferirem. Escolhi as que começam com a letra “O” porque com essa letra começa a palavra OBRIGADA.
OBRIGADA a Deus porque algum dia quis estudar LETRAS e, por isso, mudei minha vida, segui um caminho e tenho uma profissão, uma OBRA – resultado de uma ação - um trabalho, ou vários. Profissão não OCIOSIDADE – que também começa com “O” mas significa o contrário, desocupação.
Com “O” também temos a palavra OGRO. Muito em moda na juventude atual, significa Bicho-papão. Façam-me rir! Temos a versão feminina, OGRA. Homem ou mulher, diz-se do Bicho-papão também ser um ser fantástico, ou seja, que não existe de fato. Isso me lembra anônimos, gente que não se mostra, que não assina, que não assume. Há tanta gente assim OFENSIVA que ataca, que agride. Há também gente OCA. Vazia e tão insignificante que necessita se OCULTAR, pois é no esconderijo da alma que reside seu maior ideal.
O ÓDIO, esse sentimento repugnante, essa aversão geradora de energias negativas, sempre se volta contra quem o sente. Nesse ínterim, prefiro o amor que me traz OBJETIVOS mais interessantes na linha da emoção na qual vibro, pela alegria de estar viva e feliz e a qual compartilho com os que amo e que me amam: filhos, amigos... Amar é uma OBLAÇÃO, essa dádiva!
Tudo depende do OLHAR, de como se olha, do ponto em que se olha. Olhar é contemplar, admirar, examinar, estudar. OLHAR é parar para OBSERVAR aquilo que em nós produz satisfação, não tédio, não desdém, nem desafetos. OLHAR é também cuidar e a gente cuida de quem ama, com ORGULHO, mão no peito que vibra pela vitória do OUTRO que nunca é o mesmo, que é diferente, que é o teu semelhante e tem tudo para ser maior e melhor do que a gente mesmo. É nisso que eu acredito.
Todos já ouvimos falar que “a palavra é prata e o silêncio é OURO”. E é diante disso que páro meu texto. Lanço o meu OLHAR de carinho ao meu semelhante pronta para OFERECER toda a minha compreensão. Não somos capazes de prever o futuro pois ele está OCULTO. Misterioso, sobrenatural, é um OCEANO de surpresas pelas quais devemos aguardar, jamais julgar. Feliz de quem não está preso ao ÓCIO, ÓBITO dos sonhos. Felizes daqueles que acreditam na OBRA e seguem seu caminho em paz!
Roseli Broering

7 comentários:

Expedito Steffanello - Sinop, MT disse...

Oi, boa escolha das palavras, mas, cuidado com uma delas, pode descaracterizar um bom sentimento: Orgulho...

Bj.

Tatiana Russo de Campos - Escritora disse...

Ó Ó Ó... Uma das melhores crônicas que já li por aqui, por isso vou comentar rapidamente, já que tenho de correr atrás de algo que perdi, além da cabeça, esta que já não encontro e não faço questão:
ÓCIO É NOJENTO, EXCETO O CONTEMPLATIVO, JÁ DISSE O VERISSIMO EM UMA DE SUAS CRÔNICAS. O QUE ME CONSOLOU FOI CONSTATAR QUE NÃO SOU OCIOSA. E SE OCIOSA NÃO SOU, ESTOU NA OBRA. INACABADA OU NÃO. OBSERVADA, OBSERVADORA, ORGULHOSA, OCULTA AOS QUE NÃO QUEREM, MAS OFENSIVA, TÁTICA DE SOBREVIVÊNCIA EM ARTES DE GUERRA, JÁ QUE O ÓDIO ME FAZ TER MAIS CERTEZA DE QUE O PULSO PULSA, E SE PULSA, HÁ DE TER ODOR DE AMOR. AINDA QUE O ODOR TENHA DE SER DE BELEZA PARA QUE SE APARENTE PARA OS MAUS OBSERVADORES, UM ÓCIO CONTEMPLATIVO...

Ana Martins disse...

Muito lindo o texto, professora! Gostei mesmo, pra valer.
Mal nos conhecemos mas já gosto muito de você!!!
As aulas são maravilhosas...
Beijocas...

Roseli disse...

Obrigada, Aninhaaaaa, Obrigada Tati. Chico, meu anjo, o orgulho aqui não é ambíguo... heheh.. não sou nada orgulhosa, sou do bem...rs Beijos a todos!

Anônimo disse...

Então, Rose... Uma das coisas que gosto na tua prosa (a meu ver, com foco bem distinto e complementar do foco dos teus poemas) é o fato de que "proseias prosas" mesmo, as crônicas ficam com jeito de conversas em sofá confortável e presença amiga, eheheh. Algumas questões, em meu ver, precisariam ser repensadas, dentre elas: eu não escreveria as palavras em questão com maiúsculas. É tirar do leitor a possibilidade de ele procurar no texto de que palavras estou falando, com o destaque ele nem precisa ler o texto, basta bater o olho que as palavras SALTAM, e seu objetivo junto a elas. E também não explicaria que busquei escrever a partir da palavra obrigado, daria um jeito de deixar essa percepção por conta do leitor também, ou seja, buscaria brincar de esconder mais e explicitar menos os caminhos de leitura. A palavra OBLAÇÃO também me pareceu aquele torrão de sal que cutuca a gente durante a degustação prazeirosa do peixinho frito: destoa, não bate com o caráter comum da maioria das outras palavras, me deu a sensação de que colocaste ali pra fazer jus à lista de palavras com O, e a partir daí deste um jeito de buscar sentimentos que correspondessem à palavra, e aí pra mim nesse momento o texto perde o tom de "prosa que proseia". Apenas algumas divagações, espero que não fiques brabas, mas quando me pedem opiniões eu busco dá-las com sinceridade e sem pautar apenas no "achei bonito" ou "achei feio"... Será que contribuí de alguma forma? Beijão, querida.

Rosana disse...

Adorei mana... nossa esse tema "palavras" é tão extenso... ao mesmo tempo q vc fala algo pra uma pessoa ela pode entender uma coisa totalmente diferente e as palavras determinam as nossas atitudes.... bem... não vou eu começar a escrever aqui sem parar né? rsrsrsrsrsrs...

Beijos
Te amo!

Anaize disse...

Adorei, prof, como sempre. A forma como cada palavra se ligou na redação é demais, sem comentários. Beeijos!